Violência

'Ele corria disposto a me matar, era assustador', diz funcionário de hipermercado que foi esfaqueado

Marilice Daronco

Passados 14 dias da tarde em que foi esfaqueado enquanto trabalhava no setor de hortifrúti do hipermercado Carrefour, David Estigarribia Bueno, 21 anos, conversou com o Diário para contar a sua versão sobre a tentativa de homicídio. Ainda abalado, o jovem, que pediu demissão e foi embora de Santa Maria, disse que pensou que iria morrer e negou a versão de que conhecesse o adolescente que o agrediu. Em entrevista, David conta sobre o pânico das pessoas que estavam no local por volta das 15h do dia 7 de julho, quando um adolescente de 16 anos entrou no estabelecimento armado com uma faca e o atingiu três vezes.

A investigação da delegada Carla Dolores Castro de Almeida, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), teve uma reviravolta. A delegada descobriu que o adolescente foi usado por um adulto que queria matar a vítima devido a uma suposta disputa amorosa.

Diário de Santa Maria _ Logo que foi apreendido, o adolescente disse que o conhecia e que vocês discutiram em uma partida de futebol. Isso é verdade?
David Estigarribia Bueno _ Não. Eu nem jogo futebol. Sou evangélico e nem gosto dessas coisas. Nunca tinha visto ele antes. Tanto não é verdade que ele perguntou a alguns colegas quem eu era e onde eu estava. Eles acharam que era algum amigo meu e apontaram. Ele chegou me dando um golpe pelas costas. Eu senti a cabeça sangrando e coloquei a mão para estancar o sangue. Tentei fugir correndo, mas ele me perseguiu, parecia disposto a me matar.

Diário _ Os seus colegas não viram que ele estava com um facão? E os seguranças?
David _ Não. Era uma faca pequena e estava escondida debaixo da roupa.

Diário _ O que você estava fazendo quando ele chegou?
David _ Estava repondo as cebolas. Nem vi ele chegar. Ele me atacou pelas costas.

Diário _ Inicialmente, falavam em um golpe de faca, depois, em três. Quantas vezes você foi realmente atacado?
David _ Três vezes. A primeira, na cabeça, que sangrou muito. Coloquei a mão para tentar estancar, e ele me atacou mais duas vezes. Um golpe pegou no meu dedo, o osso chegou a trincar. O último foi no cotovelo.

Diário _ Deu tempo de tentar fugir?
David _ Corri muito. E ele correu atrás de mim. O mercado estava cheio, e as pessoas ficaram olhando assustadas. Ele corria disposto a me matar, era assustador. As pessoas estavam assustadas. Um dos clientes até achou que o bandido fosse eu e começou a me atirar vidros de azeite de oliva. Um deles me atingiu, e eu quase caí. Cheguei a entrar no depósito, e o cara de faca na mão, atrás de mim. Até que ele tentou fugir, e meus colegas o seguraram. A essa altura, eu já estava escondido na câmara fria. Estava assustado, porque a minha cabeça sangrava muito.

Diário _ Segundo a polícia, a confusão entre vocês começou por uma briga por mulher. Isso é verdade?
David _ Sim. Ele achava que eu tinha um romance com a namorada dele. Eu falei o tempo todo que não. Acabei me sujando até com minha namorada, que não está gostando nada dessa história. Ela está me dando todo o apoio, mas não tem como não ficar desconfiada depois de uma história dessas.

Diário _ Se vocês não tiveram nenhum envolvimento, por que ele estava desconfiado?
David _ Eu e ela pegávamos a mesma linha de ônibus, a do Prado, para casa. E trabalhávamos juntos. Ele ficou desconfiado e, um dia, me deu um soco quando eu estava no ônibus. Depois, tentou me seguir até a minha casa. Eu registrei na polícia, dei parte. Depois, ele me ligou, dizendo que não queria briga e que queria conversar. Eu aceitei conversar com ele. Até estava pensando em retirar a queixa. Os dois vieram falar comigo lá no mercado mesmo, e eu e ela explicamos que não tínhamos envolvimento al

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